Fundamentos do Tiro: Armas Curtas
Dentro do mundo da prática de tiro existem alguns fundamentos que são um conjunto de técnicas bastante importantes para realizar um disparo de forma correta e precisa. Ter bem claro quais são estes fundamentos é muito importante pois te proporciona uma base técnica simples, porém valiosa, de como você deve proceder na hora de realizar o disparo e também evitar falhas e erros. Existem divergentes opiniões do que de fato são os fundamentos do tiro para armas curtas, mas separamos o que acreditamos ser o essencial. Os fundamentos são relativamente simples, porém todos eles em conjunto fazem uma grande diferença na prática.
Posicionamento
O posicionamento é onde tudo começa, pois o atirador antes de empunhar a arma, chega na linha de tiro e se posiciona em frente ao alvo. Existem alguns tipos de posicionamento ou postura:
Weaver
Essa posição foi desenvolvida pelo xerife Jack Weaver em 1950 para competições de estilo livre com armas curtas. É caracterizada por utilizar as duas mãos buscando estabilidade já que não há apoio para o ombro. A mão que efetua o disparo é a mesma utilizada para segurar a arma, enquanto a outra envolve a primeira.
O braço que realiza o disparo fica com o cotovelo levemente dobrado, quase esticado, e o braço de suporte fica com o cotovelo um pouco mais dobrado. O atirador deve então realizar a “tensão isométrica” sobre a arma, que é caracterizada por empurrar a mão que fará o disparo para frente, enquanto puxa para trás a mão de suporte.
O objetivo da tensão isométrica é de possibilitar sequencias de disparos mais rápidas.
O posicionamento dos pés nessa técnica se dá pela postura quadrangular, com o pé correspondente a mão de suporte ficando um pouco à frente do pé que corresponde a mão que efetua o disparo. O pé que corresponde a mão que efetua o disparo também deve ficar um pouco virado para fora, em um ângulo aproximadamente de 45° com a linha de visada do atirador.
Os joelhos devem estar levemente flexionados e o tronco moderadamente inclinado para frente.
Isósceles
Se tornou conhecida na década de 1980 quando os atiradores Brian Enos e Rob Leatham começaram a utilizar nas provas de IPSC. Essa posição também se caracteriza por utilizar as duas mãos para ganhar estabilidade. A mão que efetua o disparo segura a arma, enquanto a mão de suporte envolve a primeira. A diferença é que na posição isósceles os dois braços ficam completamente esticados e com os cotovelos travados nessa posição, formando assim um triangulo isósceles.
Em relação a pressão feita pelas mãos do atirador, a mão do suporte deve ser responsável por aproximadamente 70% da força de estabilização da arma, enquanto a mão que efetua o disparo concentra os outros 30%.
A estabilidade do atirador nessa postura se concentra na sua estrutura óssea, diferente da Weaver que busca estabilidade na estrutura muscular.
A posição dos pés são paralelas e ambos devem estar apontados para frente, com o tronco levemente inclinado para frente e os joelhos flexionados moderadamente.
Existem diversas posturas que os atiradores podem utilizar, mas a Weaver e Isósceles são as principais e mais conhecidas. As outras posições são variações delas.
Empunhadura
Falando especificamente em armas curtas, devemos dividir a empunhadura com as duas mãos para revólver e para pistola, pois são diferentes em seus mecanismos e utilização.
Revólver
A mão dominante deve empunhar o revólver com o dedo fora do gatilho, e logo após, a mão de suporte deve envolver a mão dominante preenchendo os espaços vazios na empunhadura da arma. O polegar da mão dominante deve ficar flexionado de forma que fique quase apontado para o chão e sob ele deve ficar posicionado o polegar da mão de suporte.
Pistola
A mão dominante deve empunhar a pistola com o dedo fora do gatilho, depois disso a mão de suporte envolve a mão dominante buscando preencher os espaços que ficaram vazios na empunhadura da pistola. O polegar da mão dominante deve ficar esticado, de forma que fique apontado para frente, podendo ser descansado sobre a trava de polegar da pistola (se tiver) ou apoio de polegar que algumas possuem. Já a mão de suporte deve ficar torcida para baixo, com o polegar também apontado para frente. A empunhadura de uma pistola é feita corretamente quando os dois polegares estão sobrepostos e apontados para o alvo.
Visada
A visada é uma linha reta que parte dos olhos do atirador, passa pelo aparelho de pontaria e termina no alvo que se deseja acertar. O atirador fica com 3 planos de visão sobrepostos a sua frente: o mais próximo (alça de mira), intermediário (massa de mira) e o distante (alvo). Como o ser humano é capaz de focar seus olhos em apenas um, o ideal seria focar a visão na massa de mira, pois tem maior chance de conseguir um disparo efetivo.
É importante enfatizar que o ideal é que o atirador esteja com os dois olhos abertos na hora de realizar o disparo, e em últimos casos fechar um deles se não conseguir obter uma imagem razoável com ambos abertos.
Isso se explica pois o ser humano possui a visão binocular, ou seja, com ambos os olhos virados para frente, dispostos assim para que se tenha a percepção de profundidade. Apesar de ser possível atirar sem a percepção de profundidade, não é aconselhável devido a percepção de tridimensionalidade que fica bastante prejudicada.
Respiração
A respiração é um fator bastante importante e que tem grande influência na hora do disparo das armas curtas. Isso se explica pois a respiração reflete na oscilação da postura já que a inspiração e expiração causam variação no volume do tórax, alterando a altura da posição dos braços.
Parar de respirar para atirar não é a solução pois a respiração presa resulta em elevação da pressão arterial em poucos segundos e o atirador passa a tremer, perdendo a estabilidade e ponto de visada.
O ideal é que o atirador controle a cadência de sua respiração, diminuindo assim a sua frequência e permanecendo com os pulmões vazios por um pequeno intervalo de tempo, sem ter que parar de respirar.
É neste momento em que há pouca oscilação do tórax, que se deve buscar realizar o disparo. Se a respiração atrapalhar a estabilidade da postura e visada em algum momento, respire novamente, procure a estabilidade e então efetua o disparo.
Controle do Gatilho
O controle do gatilho é uma das técnicas mais influentes e essenciais para um bom disparo nas armas curtas. Quando se aciona o gatilho, uma série de movimentos e reações acontecem para resultar na expulsão do projétil, e nessa sequência de acontecimentos que ocorre a maior parte dos erros que depreciam o resultado obtido pelo atirador.
Para um bom acionamento de gatilho o dedo deve tocar o gatilho com a porção compreendida entre a última falange do indicador e o pomo digital do dedo indicador. A força deve ser exercida apenas para trás, sendo o gatilho lentamente espremido em um movimento gradual e constante, veja imagem abaixo.
Deve-se tomar cuidado para não colocar a força de forma diagonal, pois é capaz de puxar ou empurrar a arma para os lados.
Um dos problemas mais recorrentes é a antecipação do recuo por parte do atirador, que ocasiona o deslocamento da arma antes mesmo do projétil sair pela boca do cano. Por este motivo é importante que o atirador não comande o momento do disparo, ao invés disso, ele deve ser surpreendido pelo momento do disparo, pois assim evita a reação antecipada do recuo.
Existem diversas técnicas para as provas e competições de armas curtas, porém os 5 fundamentos do tiro para armas curtas são essenciais e devem sempre ser treinados para realizar um bom disparo e também para desenvolver técnicas mais avançadas.
Qualquer dúvida estamos à disposição!
Equipe Pro Hunters,